Dia 18 de Abril de 2012. Madrugada de uma 4ª feira para 5ª feira, mais precisamente 1:07 AM, resolvi pegar um caderno para começar a escrever e registrar o que seria a maior aventura da minha vida.

[Ganhei um “notebook” de uma cliente muito sensível e especial quando fiz seu ensaio fotográfico. Ela pretendia se conhecer melhor através da fotografia e eu lhe disse que faria desse caderno, uma espécie de diário em alguma viagem que eu faria sozinha pela Europa. Eu também estava buscando algo e também queria me encontrar.]

No último final de semana eu estava bastante reflexiva. Conversei muito com meus pais sobre a vida: sonhos, desilusões, projetos, conquistas e realizações. Olhei para trás e fiquei um pouco perdida. Casamento? Marido? Filhos? Estabilidade Financeira? NÃO! Nem um namorado eu tinha. Minha vida não estava exatamente como sonhei que estaria nessa idade (estava chegando nos meus 30). Então, resolvi olhar para dentro de mim e pensei: “se ainda não tenho tudo que imaginei, posso ter muito mais do que um dia já pude imaginar.” Mudei minha energia, meus pensamentos, minha vibração e decidi que nada seria como antes. Queria me tornar uma pessoa melhor! Meu desejo era evoluir, crescer e não cometer os mesmos erros. Queria ser mais amorosa, solícita e carinhosa. Decidi que seria luz e AMOR.

Passaram-se apenas 4 dias e algo curioso aconteceu. Recebi um e-mail da “Vovó” Ellen (uma senhora, amiga muito querida da minha mãe que eu amo como se fosse minha avó). O e-mail era sobre o Caminho de Santiago e me lembrei de um antigo sonho de menina. Sempre quis fazer essa peregrinação algum dia na vida, desde os meus 15 anos. Aliás, eu já havia pensado nisso há alguns meses e eu não acredito em acaso, tive certeza que era um sinal. No ano seguinte, eu faria 30 anos e imaginei que finalmente havia chegado a hora. Afinal, sempre ouvi dizer que essa é uma idade simbólica e de muita transformação e transição na vida de uma mulher.

Comecei a pesquisar sobre o Caminho de Santiago na Internet e achei muita informação interessante. Fui anotando o que considerei importante e cheguei à conclusão de que a primeira coisa que eu deveria fazer era me preparar fisicamente. Tracei planos diários de caminhada e comecei a caminhar todo dia. Um pouco depois, vivi algumas coisas que acabaram atrapalhando meus planos e quando completei 30 anos, percebi que não havia conseguido alcançar meu objetivo. Fiquei triste, mas acreditei que talvez ainda não tivesse chegado a minha hora. Dez dias depois de completar 30, terminei um relacionamento que não me fazia bem e me senti livre.

Tracei novas metas, sonhos e objetivos. Fiz outras viagens, conheci uma nova pessoa (de Israel). Vivi um grande amor e atravessei o mundo para reencontrá-lo. Mudei meus planos, vivi três meses na Terra Santa e estava muito feliz. Mas, às vezes, a vida nos pega de surpresa e tudo mudou outra vez. Dois anos se passaram, me vi sozinha novamente e o ciclo se repetia. Ainda buscava algo dentro de mim. Meus 33 anos se aproximavam e pensei que talvez fosse a hora de realizar o meu grande sonho. Eu estaria com a Idade de Cristo. Isso era muito simbólico pra mim. Comecei a planejar minha viagem, mas logo precisei fazer uma escolha. Ou eu fazia o Caminho de Santiago ou eu ia para Israel novamente me despedir desse amor que estava indo morar na China (essa história daria um outro livro). Fiquei com a segunda opção. O amor sempre foi prioridade na minha vida. Eu precisava dessa despedida para seguir em frente. Fui. Reencontrei. Matei a saudade. Acalmei o coração. Me despedi. Chorei. Me conformei. Aceitei. Voltei. Fiquei bem. Aliviada. Precisava desse último abraço. De mais um olhar. Segui minha intuição. Foi importante. Caiu a ficha. Agora era hora de virar a página. Hora da minha grande virada. Hora de fazer o tão sonhado e esperado Caminho de Santiago.

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