Sábado à Noite

 

Sábado à noite. Peguei uma taça de vinho. Brindei comigo. Coloquei uma playlist pra tocar. Carla Bruni. Francês. Sexy. Adoro. Combina com meu estado de espírito hoje. Recebi uma mensagem de um amigo que mora longe. Perguntei qual era seu som preferido. Ele respondeu: “uma mulher tendo orgasmo”. Gargalhei. Ele foi espirituoso. Eu estava me referindo à música. Misunderstanding.

Comecei a pensar em alguns sons especiais. A chuva caindo pela janela em uma noite fria de outono. O barulho da rolha ao abrir uma garrafa de vinho. Não há nada mais sensual. O som do vinho beijando a taça. O efeito sonoro de um brinde soa como uma orquestra aos ouvidos. O som de um beijo apaixonado. O andar da pessoa que você ama chegando no quarto. A notificação da mensagem daquela pessoa que você é apaixonado. O toque de um telefonema tão esperado.

A chave abrindo a porta de casa depois de um dia agitado. O som do vento batendo no rosto quando você está andando de moto. O freio do trem quando chega na sua estação. A voz misteriosa da mulher do alto falante do aeroporto anunciando o seu vôo. A turbina do avião quando liga e te faz lembrar que está no “modo férias”.  O som de uma onda estourando no mar. O abrir de uma latinha de cerveja naquele calor de 40 graus. O chute da bola quando o artilheiro do seu time faz um gol. O grito dos torcedores quando seu país é campeão.

O fritar de um ovo estalado na frigideira de manhã cedo. O som da água caindo no pó de café e fazendo o milagre de te despertar toda manhã. O cantar dos pássaros ao caminhar na natureza. O som da cigarra em uma tarde dourada de verão. O barulho da cachoeira em um dia frio de inverno na serra. Aquele violino ao longe em uma rua na Europa. A voz suave da sua mãe avisando que o almoço está na mesa. A pipoca estourando na panela. As gargalhadas da platéia em uma comédia no teatro. O bis à capela no final do show do seu cantor favorito. As palmas dos espectadores depois de um espetáculo. O som do silêncio depois de uma noite de amor.

Mas não há som igual no mundo do que ouvir “eu te amo”, baixinho, ao pé da orelha, daquela pessoa especial, num sábado à noite.

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