Dia#12 | Caminho Francês
Dia#12
Distância: 18.5km
Tempo de caminhada: 4 horas
Clima: Sol
Temperatura: Mín: 5° / Máx: 21°
Saída: Rabé de Las Calzadas
Chegada: Hontanas
Data: 18/09/2017
Palavra do Dia: Encontros Inesperados
Acordei. Me arrumei rápido. Comi o resto de sanduíche que tinha na minha mochila. Comecei a caminhar. Tava frio. Mas não tão frio quanto o dia anterior. Hoje caminhei pouco. Menos de 20km. Foi o dia que andei menos. Pareceu o mais longo. Sensação estranha. Não estava cansada. Mas algo pesava. Senti dor no joelho. Depois passou. Andei. Andei. Andei. Meu destino parecia infinito. Não chegava. Música no ipod pra distrair. Música me leva para outra dimensão. Lembro do passado. Penso no futuro. Agradeço pelo presente. Canto. Às vezes, canto alto. Bem alto. Pra mim. Pro mundo. Pro ar. Sei lá… caminho dançando. Veio o sol. Como eu amo o sol. Me aquece. Me deixa feliz. Meu humor muda. Continuo caminhando. Passei por mais um enorme campo de girassol gigante. Eles estavam meio secos. Pareciam tristes. A paisagem ficou amarela por alguns quilômetros. Linda de ver. Avistei uma cruz e ao fundo enormes cataventos de energia eólica. A paisagem era seca, plana, porém bonita. Cheguei no meu destino. Parei em um pequeno e charmoso vilarejo chamado Hontanas. Clima agradável. Tava cedo. Onze horas da manhã. O albergue ainda estava fechado. Decidi sentar pra comer em um bar que estava aberto. Muita fome. Pedi uma tortilha como sempre. Era grande. Deliciosa. Comi biscoito “palmier” de sobremesa. Fiquei sentada de frente pro sol pra esquentar. O clima estava gostoso. Fiquei alí por duas horas. O albergue finalmente abriu. Fiz check-in. Peguei minha cama. Coloquei o telefone pra carregar e decidi voltar pro sol. Quando saí do albergue, meu amigo espanhol estava passando. No mesmo segundo. Que coincidência. Não acreditei. Já estava com saudades. Gosto da sua companhia. Gritei seu nome: “José!” Ele sorriu e abriu os braços. Fui até seu encontro. Lhe dei um abraço. Ele pretendia caminhar mais, mas resolveu ficar. Tinha vaga no mesmo albergue. Pegou uma cama. Sentamos no bar logo depois. De frente para o sol. Ele estava com fome. O acompanhei. Comi de novo. Mais uma tortilha. A fome aqui não acaba nunca.
Ele pediu uma sangria e eu uma taça de vinho. Brindamos. Um brinde aos encontros inesperados. Sorrimos. Conversamos. Que delícia de companhia. De repente, uma senhora muito simpática que eu encontrava em quase todos os vilarejos em que me hospedava, veio até meu encontro e falou: “Paola, posso tirar uma foto com você? Eu sempre te encontro, mas ainda não temos fotos juntas!” Eu disse que era claro que podia e tirei uma com meu celular também. Momento registrado. Estava esfriando. Ele foi tomar banho. Me perguntou se eu tinha pregadores de roupa para emprestá-lo. Era minha hora de retribuir. Falei que tinha e que não estava usando. Peguei na minha mochila e disse que podia ficar pra ele. Era um agradecimento pelas luvas. Depois do banho, sentamos novamente no sol. Ele pediu uma cerveja e eu mais uma taça de vinho. Novo brinde. A cada brinde, dizíamos uma palavra. Virou uma brincadeira nossa toda vez que nos encontrávamos. Até filmei pra deixar o momento registrado para sempre. Bateu fome de novo. Demos uma volta pelo vilarejo para encontrar algum lugar para comer outra coisa sem ser tortilha. Tirei algumas fotos. Que lugar gracioso. Muitas frases bonitas ornamentavam pequenos canteiros de flores. Adoro essas mensagens. Encontramos um bar sem muita variedade. Comprei um biscoito doce. Comemos juntos. Andamos até a igreja do vilarejo. Tinha um pequeno altar no chão com bíblias em todas as Línguas. Era hora da missa. Agradeci por estar alí, fiz o sinal da cruz e me retirei. Sentamos para mais um vinho. Pedimos uma garrafa dessa vez. No rótulo estava escrito “vino agradable para disfrutar en buena compañia”. Não podia ser melhor. Tirei foto. Mais dois amigos sentaram conosco. Caroline (Inglesa) e Borisz (Húngaro). Momento de confraternização. Pedi para cada amigo falar “Eu te amo” em sua Língua. Eu queria filmar para fazer um vídeo no final do Caminho com todas as pessoas que conheci dizendo a frase mais linda que existe, nas mais variadas Línguas do mundo. Só o Espanhol topou. O resto ficou com vergonha. Esperava conseguir fazer mais vídeos adiante. Tive a ideia nesse dia.
O sol foi embora. Veio o frio. Decidi entrar. Tomei um banho. Tive um dia calmo, tranquilo e relaxante. Boas companhias. Descansei bastante. Deu pra recuperar as energias. Estava feliz. Deitei. Agradeci. Dormi.
Aprendizado do Dia: Os encontros inesperados são os melhores presentes que a vida pode nos dar. Aliás, nada acontece por acaso e tudo tem uma razão de ser. Para nós pode ser inesperado, mas para o Universo tudo é como deve ser. Um brinde aos “Unexpected meetings!”
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