Levantei. Fui tomar banho. Queria lavar o cabelo de manhã para secar durante o dia. Liguei o chuveiro. Água fria. Impossível lavar o cabelo. Fica pro próximo dia. Tomei uma ducha rápida do pescoço pra baixo. Me arrumei. Tava pronta. Café da manhã incluso. Comi alguns mini “croissant” de chocolate. Precisava de energia. Enchi minha garrafa d’água. Comecei a caminhar. Ainda estava escuro. Frio. MUITO frio. Manhã mais fria até agora. 3 graus. 2 blusas. 2 casacos. 2 calças. Gorro. Luva. Nada adiantou. Minha mão estava congelando. O espanhol que estava comigo, me emprestou a luva dele. Compaixão de novo. Me salvou. Mais alguns quilômetros e veio o sol. Melhorou. Senti alívio. Tirei a luva. Lindo dia. O nascer do sol foi incrível. Paramos pra tomar um café quente e comer alguma coisa. Tiramos fotos. Continuamos. A paisagem era plana. Passamos por um local chamado “El Oásis del Camino”. Muitas setas de madeira e troncos de árvores pintados com nomes e bandeiras de todo os países do mundo. Super colorido. Lugar alegre. Tirei mais fotos. Seguimos. Paramos no próximo vilarejo. Pedi uma tortilha. Fome toda hora por aqui. Encontrei um grupo de chinês. Jovens. Mais novos que eu. A menina era muito simpática. Quando soube que eu era do Rio, levantou e começou a tentar sambar. Ri muito. Ela era divertida. Continuamos. Muita conversa. O assunto era Amor. Tema comum por aqui. É bom compartilhar sentimentos. Histórias. Sonhos. Diferenças. Semelhanças. Falamos sobre casamento, tradições e religiões distintas. Mas o amor… Ah, o amor é universal. Todo mundo sente. Todo mundo entende. Todo mundo quer encontrar um amor que dure a vida toda. Falei sobre um livro chamado “As Cinco Linguagens do Amor”. É incrível. Maravilhoso. Acho que todos deveriam ler para saber como se sentem amados e como aqueles a sua volta se sentem assim também. É um divisor de águas para quem quer entender melhor a si mesmo e aqueles a quem você ama. Paramos de novo. Mais fome. Mais comida. Mais tortilha e pão. Meu menu preferido. Comi isso todos os dias. Continuamos. Mais conversa. Encontramos um local que tinham vários círculos feitos de pedra no chão e no meio um montinho de pedras. Não sabia o que significava. Mas o Húngaro achou que ele deveria andar dando volta nos círculos até chegar no meio e pegou uma pequena pedra. Seguimos em frente. Passamos por um pequeno vilarejo chamado “Agés”. Tinha uma cesta de pães (baguetes) na frente de um albergue que me chamou atenção. Não entendi muito bem se era enfeite ou doação. Mas gostei. Continuamos. No alto de uma subida, tinha uma grande cruz. Parei. Rezei. Agradeci. Segui. Alguns quilômetros adiante, chegamos ao nosso destino. Pequeno e aconchegante vilarejo. Encontramos um albergue. Era o único aberto. Tinha vaga e tinha piscina. Mas tava frio. Não dava pra entrar. Fizemos check-in. Peguei uma cama. Esperei minha vez para tomar banho. Foi difícil entender como funcionava esse chuveiro. Aliás, esse dia eu percebi que todos os albergues tinham uma forma diferente de abrir a água quente. Mas percebi uma coisa em comum. A água quente era sempre virando para o lado esquerdo. Mesmo lado do coração. Achei metafórico. O calor vem do coração. Tomei um banho BEM quente. Melhor sensação do mundo. Agradeci. Lavei o cabelo. Coloquei uma roupa limpa e dois casacos. Bateu fome. Muita fome. Saímos para procura um local para comer. Achamos um pequeno bar. Sentamos. Resolvi mudar hoje. Pedi uma empanada. Uma garrafa de vinho pra brindar. Éramos três. Línguas distintas. O inglês em comum. Brindamos ao que viemos buscar no caminho. Refletimos. Sorrisos. Clima de descontração. Gargalhadas. A fome não acabava. Pedimos uma sobremesa. Ficou tarde. Hora de dormir. Muito frio. Me emprestaram mais um casaco. Um cobertor extra também. Me senti aquecida. Hoje o dia foi calmo e tranquilo. Agradeci. Dormi.

Aprendizado do dia: O calor vem do coração. O amor aquece o coração.

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