Dia#06 | Caminho Francês

Dia#6
Distância: 27.8km
Tempo de caminhada: 8 horas
Clima: Sol
Temperatura: Mín: 17° / Máx: 28°
Saída: Los Arcos
Chegada: Logroño
Data: 12/09/2017
Palavra do dia: Gentileza

Levantei bem cedo. Eram 5:30. Arrumei minhas coisas. Preparei dois sanduíches. Coloquei na mochila. Saí junto com alguns amigos. Começamos a caminhar. Ainda estava bem escuro. Usamos uma lanterna para iluminar o caminho. Veio o nascer do sol. Cada um mais lindo que o outro por aqui. Depois de algum tempo caminhando, chegamos no primeiro vilarejo do dia. Encontramos um mesa com frutas para os peregrinos. Quem está com fome, pode pegar o que quiser e contribuir com quanto puder. Adoro essas coisas do Caminho. Não peguei nada. Tinha um cachorrinho de pêlo dourado dormindo enroladinho e encolhido ao lado da mesa. Acho que estava com frio. Seguimos adiante. Um pouco a frente, avistei vários montinhos de pedra em cima do outro. Se chamam “Mariolas”. Antigamente os pastores faziam isso para marcar pontos de orientação quando as condições climáticas não eram muito favoráveis. Essa tradição permaneceu e hoje as pessoas utilizam isso para marcar o caminho correto no Caminho. Ao lado, vi uma pequena árvore de galhos finos, cheia de sonhos e desejos pendurados em forma de fitinhas coloridas vindas de vários países diferentes do mundo. Adoro simbolismos. Tirei foto. Segui adiante. A vista hoje era bonita. Mudava a paisagem a cada quilômetro. Parei em Viana para comer e descansar. Encontrei vários amigos peregrinos. Sentamos todos juntos em um pequeno bar. Comi tortilha e croissant de chocolate. Como sempre. Estava tendo festa na cidade. Era a famosa corrida de touro. Eles soltam os touros no meio da rua e quem quiser participar, corre do touro. Tradição local. Não gosto muito. Não fiquei pra ver. Mas as crianças estavam felizes. Brincavam de correr dos touros de madeira. Ninguém se machuca. Só diversão. Eu prefiro assim. Meu amigo canadense (Jonathan) ficou. Ele queria correr dos bois. Ele é doido! Segui minha caminhada com meu amigo Húngaro. De repente, vimos um pequeno vilarejo. Ao passar por alí, ele parou, encostou em uma cerca e começou a chorar. Eu não sabia o motivo. Deixei ele à vontade. Depois me aproximei e perguntei se queria um abraço. Ele me abraçou. Parou o choro. Disse que esse era o local da visão que ele tinha tido 2 dias atrás. Sentiu que era uma mensagem para ele confiar mais em sua intuição. Ficou emocionado. Fiquei feliz por ele. Seguimos adiante. Foi um longo dia de sol. Agradável. Chegando em Logroño, encontrei outro amigo (Jonas, Alemão). Ele sabia que eu estava a caminho e reservou uma cama no albergue pra mim. Nem acreditei. Eu estava muito cansada. Fiquei feliz. Compaixão mais uma vez. Agradeci. Fiz check-in. Era minha vez de ajudar. Reservei uma cama para o amigo canadense que chegaria em breve. Ele tava com dor no joelho. Viria devagar. Garanti uma cama pra ele também. Gentileza gera gentileza. Tomei um banho. Lavei minha roupa. Coloquei pra secar. Fui dar uma volta. Deitei em um banco na praça pra pegar sol. De repente, o canadense chega gritando de alegria! Ele sobreviveu a corrida dos bois. Contou como foi essa loucura que ele fez. Teve sorte. O boi quase pegou ele. Bateu fome. Fomos pro albergue. Encontrei outros três amigos e saímos pra comer “bocadillos” (mini sanduíche tradicional espanhol). Pedimos vários. Conversamos. Rimos. Brindamos. Depois demos uma volta pela cidade. Compramos algumas coisas no mercado pra abastecer a mochila. Escureceu. Voltamos pro albergue. Excelente dia. Calmo. Tranquilo. Mas sem nada muito especial. Agradeci. Dormi.

Aprendizado do dia: Gentileza gera gentileza!

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